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Territórios sensíveis

Data: 09/17/2023

O projeto reúne os artistas do Coletivo 21. Os artistas, em seus diferentes campos  de atuação (pintura a óleo e acrílica, aquarelas, fotografia, arte digital, gravuras e  esculturas) têm um trabalho maduro, com um campo poético em constante definição. O  objetivo comum é construir um projeto original, que tenha uma singularidade. As poéticas  são diferentes, mas os artistas do coletivo têm uma maneira comum de enxergar a arte.  Fazendo uma leitura cruzada das obras em exposição, temos uma riqueza, uma procura  de desenvolver uma espécie de território sensível, onde a temática vai mudando, mas  sempre a autoria e a singularidade dos trabalhos é reconhecida. Os artistas do Coletivo  21 mostram na totalidade um pacto com a criação para devolver ao espectador uma  forma de elaboração do tudo o que é sensível.

O que há de comum entre pouco mais de duas dezenas de artistas que nunca se viram pessoalmente e que há pouco mais de seis meses sequer sabiam da existência uns dos outros? São pintores em tinta acrílica, em tinta óleo, escultores, gravuristas, artistas digitais, aquarelistas em um amplo espectro da expressão das artes visuais e que se uniram em torno de um propósito: mostrar seus trabalhos.

O ponto que une esse grupo de artistas oriundos de diversas regiões do país é a série de lições do professor e artista plástico Sérgio Fingermann que, graças às ferramentas on line, popularizadas como forma de driblar os rigores da pandemia que ataca o mundo, juntou gente tão diferente para ouvir seus “mantras” da criação à exposição.

Essas lições do mestre fizeram o grupo pensar e encontrar suas sinapses, suas ligações, os trabalhos irmãos, mesmo concebidos a quilômetros de distância um do outro. A obra é de cada um. Mas todos têm a certeza de que é preciso trabalhar muito – apagar, riscar, esfregar. Não aceitar o primeiro resultado é um senso comum. Assim como entendem a necessidade de conversar com a obra e ver para onde ela conduz o artista. E não ao contrário.

São artistas visuais que não se contentam com qualquer resultado. Se perguntam se aquele trabalho vale ser mostrado em uma sociedade cada vez mais inundada por imagens.
Nesta exposição estarão à mostra diversas visões da arte. Obras abstratas, figurativas, em cores luminosas, outras escuras ou em tons neutros. Mas com certeza, além de observar a qualidade dos trabalhos individualmente, o espectador perceberá a potência que existe entre eles. É esta força que move o Coletivo 21.

Sinestesia – o sabor das cores

A presente exposição explora em profundidade as semelhanças entre o mundo do vinho e da pintura, destacando os seus componentes físicos, químicos e o seu impacto sensorial nos indivíduos. O pensamento visual dos trabalhos apresentados baseia-se no conceito de sinestesia. Esta abordagem inspira-se numa análise empírica das semelhanças entre as características do vinho e da pintura, como a transparência e a intensidade, termos partilhados pelas duas disciplinas artísticas. A artista mergulhou então numa exploração aprofundada dos elementos comuns aos dois domínios, questionando o impacto semelhante do vinho e da pintura em quem os prova e contempla.

Os trabalhos desta série, produzidos em diversos suportes como tecidos transparentes, telas e vidros, bem como a utilização de técnicas de fabricação variadas, resultam dessa abordagem de pesquisa. Esta exposição pretende despertar a alma dos visitantes e provadores, bem como dos criadores, numa época em que a agitação do mundo moderno desloca as nossas raízes e nos distancia dos tesouros da experiência humana. Ao despertar todos os sentidos, surge um caminho para uma reflexão mais profunda e uma saúde mental plena, porque os nossos sentidos, estes portais para o mundo, tecem os primeiros elos entre o nosso ser e o universo que nos rodeia.

A exposição Sinestesia – o sabor das cores explora em profundidade as semelhanças entre o mundo do vinho e da pintura. Jean Claude, enólogo e eu, artista visual, começamos a pensar esse projeto juntos na Mediateca Edmon Charlot, em Pezenas França, onde animamos o tema com uma conferência sobre o vinho no Brasil e uma oficina de pintura.